pesquisa

A disputa pela Paideia e as definições de Filosofia, Retórica e Sofística na Antiguidade Grega.

O projeto tem em vista investigar as noções de filosofia, retórica e sofística na antiguidade grega, em especial durante o século IV a.C., momento em que passam a assumir conteúdos mais contrastantes no cenário da paideia antiga, campo sobre o qual, de certa forma, todas elas se desenvolveram. De fato, ainda que as origens da atividade que chamamos filosofia possam ser encontradas no século VII a.C., no espaço das colônias gregas da Ásia Menor, ou que as primeiras manifestações do que viria a ser uma techne rhetorike apareçam nos manuais de Tísias e Córax ou no magistério de Empédocles, surgidos na Magna Grécia do século V a.C., ou ainda que identifiquemos Protágoras ou Górgias como os primeiros dentre os sofistas, situados no que ficou conhecido como "Iluminismo Grego", também no século V a.C., todos estes estabelecimentos são resultados de interpretações posteriores e não desprovidas de caráter polêmico. É certo que muitos dos autores considerados filósofos, sofistas ou retores pela posteridade nunca se referiram a si mesmos nesses termos, e provavelmente recusariam-se a compreender tais definições em seu sentido restritivo, tal como se desenvolveu no âmbito dos debates acerca da paideia marcados pela herança do socratismo, pela Academia platônica e pelo magistério de Isócrates e Aristóteles. Sendo assim, a investigação versará, em termos mais específicos, sobre o modo como as definições de filosofia, retórica e sofística, desprovidas de uma linha de fronteira em sua origem, vão se estabelecer de maneira contrastada no agon pela primazia da paideia durante o século IV a.C., a partir da criação ou invenção do filosófico, do retórico, do sofístico e das exigências do paidêutico pelos autores desse período em suas obras.

O Ensino de Filosofia na Educação Básica: seus referenciais teóricos e sua prática.

A pesquisa busca dialogar com a clássica afirmação kantiana, já transformada em tópos filosófico, segundo a qual a Filosofia não se ensina. O que se pode ensinar é o filosofar, o pôr-se-a-caminho na vereda da Filosofia, ela mesma, por assim dizer, impalpável em sua constituição íntima, conhecida somente por seus resultados, pelos efeitos do processo que, esse sim, talvez possa ser objeto de ensino, de apresentação, de prática. Investigar os limites desse tópos, por dentro ("o que constitui o filosófico? o que lhe dá o nome que carrega?") e por fora ("de que modo a Filosofia como disciplina escolar, como prática presente no cotidiano das escolas de Ensino Básico se configura e se mostra? Como deve se configurar e mostrar? O que seria uma possível eficácia pedagógica da filosofia?") sintetiza as pretensões da pesquisa.